No início de outubro, uma família da Malásia desembarcou em Osaka esperando enfrentar os trâmites habituais de imigração. Em vez disso, passou pelo controle em poucos minutos e seguiu diretamente para o saguão de desembarque do Aeroporto Internacional de Kansai. “Foi a entrada mais rápida que já tivemos no Japão”, relatou o pai. “Nos sentimos bem-vindos antes mesmo de começar as férias.”
Esse relato é apenas um exemplo de uma transformação silenciosa — e estratégica — em curso. A ampliação do acesso sem visto para visitantes de países da ASEAN está remodelando o mapa do turismo regional e posicionando o Japão como um dos destinos mais desejados pelos viajantes muçulmanos do Sudeste Asiático.
A decisão japonesa combina três frentes que, juntas, formam uma política de atração extremamente eficaz:
Com a flexibilização dos requisitos de visto, o Japão reduz barreiras e cria uma primeira impressão positiva já no aeroporto — elemento crítico para turistas que viajam em família e valorizam segurança, praticidade e acolhimento.
A expansão de restaurantes certificados, menus halal, áreas de oração e serviços de hospitalidade adaptados fortalece a percepção de respeito cultural e amplia o conforto dos visitantes muçulmanos.
O governo japonês busca reduzir sua dependência de fluxos tradicionais (como China e Coreia do Sul) e aposta na ASEAN como eixo de crescimento sustentável, onde Malásia, Indonésia e Brunei representam mercados-chave com forte demanda reprimida.
Essas ações estão reposicionando o Japão não apenas como um destino turístico, mas como referência em turismo halal-friendly na Ásia. Para o setor global halal — e para países que desejam ampliar sua competitividade — a estratégia japonesa demonstra como políticas públicas inteligentes, aliadas à hospitalidade adaptada, podem transformar fluxos turísticos, fortalecer economias e ampliar conexões culturais.