Vendas de produtos brasileiros ao mercado árabe somaram US$ 1,1 bilhão, o melhor valor mensal deste ano. Sobre junho, houve aumento nas exportações de açúcar, minério de ferro, carne bovina e carne de frango.
As exportações do Brasil aos países árabes tiveram no mês passado o seu maior valor desde o começo do ano. A receita das vendas ficou em US$ 1,1 bilhão, 30,8% maior do que no mês imediatamente anterior, que foi junho, segundo dados compilados pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira. O bom desempenho tem relação com o processo de normalização da logística de transporte marítimo para a região, a reposição de estoques pós-Ramadã e a retomada gradual de atividades nos países árabes.
“Mais do que qualquer outra coisa, começam a ser restabelecidas as rotas marítimas, o transporte de contêineres está se normalizando”, disse para a ANBA o secretário-geral e CEO da Câmara Árabe, Tamer Mansour. A exportação brasileira de mercadorias via contêineres ao mundo árabe foi afetada durante a pandemia, já que muitos desses equipamentos ficaram retidos na China no período, deixando o Brasil com baixa disponibilidade de contêineres para a exportação.
Mansour: logística está se normalizando
Mansour também acredita que os mercados árabes estão reabastecendo seus estoques depois do Ramadã, que ocorreu este ano entre o final de abril e final de maio. O Ramadã é um período religioso muçulmano no qual as pessoas jejuam durante o dia e fazem refeições coletivas e fartas assim que o sol se põe. Os países costumam manter os seus estoques de alimentos bem abastecidos para o período. “Você tinha um estoque até o Ramadã e começa a acabar”, afirma Mansour.
O secretário-geral da Câmara Árabe relata que normalmente julho seria o período de baixa demanda no mercado árabe, por se tratar de tempo de férias e calor. “As pessoas não estariam nos países árabes, estariam de férias, mas como é um ano atípico, as pessoas não saíram de férias, elas continuam em casa e, então, as demandas começam a aparecer”, explica Mansour, sobre o nível de consumo.
Além disso, o crescimento das exportações de produtos como minério de ferro é indicativo de mercados mais aquecidos na região. “Mostra que a vida, em termos de construção civil e indústria, está voltando ao normal”, afirma Mansour. O minério de ferro é matéria-prima do aço, que por sua vez é utilizado para a fabricação de produtos como carros e equipamentos da construção civil, tais como concreto, tubulações, parafusos e vigas, entre outras aplicações.
As vendas do minério aos árabes cresceram 117% em julho sobre junho, ficando em US$ 177,5 milhões. Além do minério, outros produtos colaboraram para o aumento das exportações nessa comparação, como o açúcar, com crescimento de 30,6% para US$ 336,6 milhões, a carne de frango, com alta de 13% e US$ 149,8 milhões, e a carne bovina, com avanço de 2,3% para US$ 102,6 milhões.
Apesar do crescimento da exportação em julho sobre junho, na comparação com o mesmo mês de 2019 houve queda de 6% na exportação brasileira ao mercado árabe. Em todos os meses deste ano, o Brasil registrou recuo nas vendas aos países árabes na comparação com o mesmo mês do ano passado. Mas na comparação com o mês diretamente anterior, além de julho, houve aumento nas exportações em março sobre fevereiro e em maio sobre abril. No acumulado dos sete primeiros meses do ano há queda de 12,2% na exportação do Brasil aos países árabes sobre o mesmo período de 2019, com US$ 6,2 bilhões.
Fonte: ANBA