O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, se comprometeu a ajudar em várias frentes para melhorar o fluxo de comércio e investimentos entre o Brasil e os países árabes. Mourão falou sobre a relação das duas regiões em webinar promovido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira nesta quarta-feira (13), que teve a participação de 840 pessoas, entre brasileiros e árabes.
Hannun: webinar sobre países árabes
A conferência virtual foi conduzida pelo presidente da Câmara Árabe, Rubens Hannun, com participação dos vice-presidentes da entidade. Na conversa, Mourão propôs que a Câmara Árabe leve a países árabes a proposta de assinatura de acordos com o Brasil para facilitar investimentos e evitar a bitributação, e também se dispôs a ajudar na criação de uma linha marítima direta para transporte de mercadorias entre Brasil e países árabes.
Os vice-presidentes da Câmara Árabe fizeram perguntas a Mourão no webinar e o diretor-tesoureiro Nahid Chicani levantou o tema da bitributação. “É uma das pedras que o investidor carrega quando vem aqui no Brasil”, disse Mourão. Ele lembrou, no entanto, que o Brasil assinou com os Emirados Árabes Unidos, no ano passado, acordos de cooperação e facilitação de investimentos e convenção para eliminar a dupla tributação sobre a renda e prevenir a evasão fiscal.
Ele sugeriu que isso seja feito com os demais países árabes com o auxílio da Câmara Árabe. “Isso pode ser replicado de país a país. Os senhores podem, por meio das ligações que têm, apresentar aos demais países, e irmos pouco a pouco construindo esse arcabouço”, afirmou Mourão para os representantes da Câmara Árabe.
Vice-presidentes da Câmara Árabe participaram
Respondendo a questionamento do vice-presidente administrativo Mohamad Mourad sobre como atrair mais investimentos de países árabes, Mourão disse que o Brasil precisa se apresentar com um parceiro confiável aos detentores de recursos. Neste sentido, o vice-presidente do Brasil disse que a Câmara Árabe pode atuar como um elemento facilitador, fazendo a ponte e orientando o trabalho dos entes governamentais sobre a melhor maneira de se posicionar frente a eles.
Sobre a criação de linha marítima direta entre Brasil e países árabes, tema que foi levantado pelo vice-presidente de Comércio Exterior Ruy Cury, Mourão se mostrou disponível a ajudar a colocar em prática também. Ele propôs buscar os portos mais interessantes para a chegada de produtos árabes no Brasil e saída de produtos brasileiros para o mercado árabe. Mourão disse que é preciso sair do terreno da conversa e sentar para ver o que é preciso ser feito. Ele sugeriu que o ministro da Casa Civil, Braga Netto, seja envolvido no assunto.
A Câmara Árabe vem trabalhando em parceria com a União das Câmaras Árabes na formulação de uma estratégia para que a criação de uma linha marítima direta, o que deve encurtar o custo do transporte e o tempo de entrega das mercadorias. Um estudo começou a ser feito na área e um seminário sobre o tema estava previsto para ocorrer neste ano em Alexandria, no Egito.
Chohfi abordou investimentos na Amazônia
Outro acerto feito no webinar foi que a Câmara Árabe começará a trabalhar com o governo para construir uma agenda a ser desenvolvida com os países árabes durante a participação brasileira na reunião de cúpula do G20, em novembro deste ano. O grupo é formado pelas vinte maiores economias do mundo e dele participam Brasil e Arábia Saudita. O país árabe está atualmente na presidência do G20. Hannun disse a Mourão que a reunião do G20 seria uma ótima oportunidade para dar continuidade às ações da viagem do presidente Jair Bolsonaro à região no ano passado.
Mourão afirmou que o evento pode ser sim utilizado para estabelecer contatos e relações com os países da Liga Árabe e que essa agenda deve começar a ser construída com o apoio da Câmara Árabe. A ideia é ter na agenda alguns dos assuntos que foram debatidos no webinar para que os entraves no relacionamento comercial e de investimentos sejam resolvidos. “Eu gosto de me pautar pela objetividade”, disse Mourão. Segundo ele, essa é uma oportunidade ímpar para que se avance.
A possibilidade de atração de investimentos de fundos árabes para a Amazônia também foi levantada na conferência virtual pelo vice-presidente de Relações Internacionais, Osmar Chohfi. Mourão preside o Conselho Nacional da Amazônia Legal e se mostrou aberto a investimentos árabes tanto em projetos econômicos, que aproveitem o potencial da região sem causar danos ao meio ambiente, quando ao projeto de manutenção da floresta em pé, voltado ao mercado de carbono.
Mourão disse que conta com o apoio da Câmara Árabe na atração destes investimentos e o presidente da entidade, Rubens Hannun, afirmou que os projetos serão levados ao conhecimento dos fundos soberanos árabes.
Riad Younes participou de webinar
Os investimentos de empresas brasileiras nos países árabes foi o assunto apresentado no webinar pelo vice-presidente de Marketing, Riad Younes. Hannun contou a Mourão que os países árabes querem muito a instalação de empresas brasileiras na região e que a Câmara Árabe abrirá ainda neste ano escritório no Cairo, capital do Egito, e em Riad, na Arábia Saudita. Estes escritórios devem ajudar empresas interessadas em se estabelecer nos países árabes, assim como a fomentar o fluxo de comércio.
Hannun e Mourão falaram sobre o papel de liderança que o Brasil pode assumir atualmente no cenário global. O vice-presidente acredita que a pandemia vai levar a uma reorganização na geopolítica internacional e que essa pode ser uma oportunidade para o Brasil. Ele enxerga, porém, a necessidade de organização interna para tal e acredita que liderança se constrói com exemplo e com conhecimento.
“Nós temos que resolver o nosso bochicho aqui dentro – usando um termo bem gauchesco – parar aqui com a brigalhada que a gente anda atualmente, nos reorganizar, e a partir daí nós teremos efetivamente condições de atrair os nossos amigos da América do Sul e nos apresentarmos para os interlocutores do mundo árabe como, efetivamente, um grupo confiável e capaz de, nesse intercâmbio na busca do benefício mútuo, levarmos ao mundo árabe aquilo que é fundamental para eles, a questão da segurança alimentar, e trazermos de lá os outros produtos que são necessários para que a gente tenha um intercâmbio comercial sempre equilibrado”, afirmou ele.
Fonte: ANBA