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Agronegócio tem potencial para ampliar vendas à Liga Árabe

Agronegócio tem potencial para ampliar vendas à Liga Árabe

Análise é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. O estudo focado no bloco é feito em parceria com a Câmara Árabe.

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, apontou em novo estudo o grande potencial que o Brasil tem para ampliar exportações brasileiras à Liga Árabe. Segundo a pesquisa, o principal produto para esse fortalecimento dos embarques é a carne. O texto faz parte do Estudo de Segurança Alimentar no Mundo Árabe – Potencial do Agronegócio Brasileiro, feito em parceria com aCâmara de Comércio Árabe Brasileira. A Esalq é a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo.

O texto destaca que a balança comercial brasileira com os países da Liga Árabe se mantém superavitária desde 2009. Entre 1997 e 2019, as exportações brasileiras para esses países cresceram, em média, 8,8% ao ano, ao passo que as importações evoluíram em menor ritmo, 5,1% ao ano. Os principais produtos exportados pelo Brasil no ano passado foram açúcar, carne de frango, miúdos e pedaços de carne de frango congelada, minério de ferro, milho e carne bovina desossada refrigerada e congelada, que representaram cerca de 70% da pauta.

Para Rodrigo Damasceno, pesquisador de políticas agropecuárias do Cepea, que participou do estudo, uma das estratégias para elevar esse comércio é se atentar à agregação de valor. “No caso da carne, não só congelar e exportar, mas ter algum grau de industrialização para agregar valor ao produto. Além disso, este mercado tem outros requisitos que pode até ter um efeito de transbordamento para outras nações, que não só as árabes”, explicou Damasceno, sobre as oportunidades no mercado halal.

Os pesquisadores estudam, agora, qual é a maneira mais viável de as empresas agregarem esse valor. “Se é melhor por meio de industrialização, ou abrindo fábricas nos países árabes, como Arábia Saudita e Emirados, ou, ainda, caminhar para esse valor da imagem com ativos ambientais que possam vir a ser discutidos”, afirmou.

A busca pela imagem de sustentabilidade, como as demais, não se limita ao mercado árabe. “O que analisamos é que essa questão ambiental está sendo muito discutida. Os brasileiros estão tentando criar mecanismos de verificação que comprovem que nossa [cadeia produtiva da] carne pode compensar emissões [de gases] pela criação animal em sistemas integrados, ou melhorando a dieta do gado, por exemplo. Mostrar que a produção é mais sustentável do que aparenta ser. Essa é uma demanda internacional, não só dos árabes”, declarou Damasceno.

A análise aponta gargalos, comuns para as exportações brasileiras como um todo, como a infraestrutura logística nacional e, principalmente, portuária. Outro ponto ressaltado é o fortalecimento e integração entre ações no setor público e privado. “Esse é um ponto importante. Sentimos que os árabes prezam muito por essas relações até pessoais, e por empresas que tenham representantes em seus países. Nisso, a cadeia bovina pode se estruturar melhor, por exemplo. É preciso isso para fortalecer o setor”, explicou o pesquisador.

Entre as ações positivas, o Cepea apontou as visitas técnicas realizadas pelo governo brasileiro no último ano. No setor agropecuário, as missões foram ao Egito, Arábia Saudita, Kuwait e Emirados, e resultaram, por exemplo, em autorizações das exportações brasileiras de lácteos, ovinos e caprinos para o Egito, castanhas, derivados de ovos e frutas à Arábia Saudita e mel para o Kuwait. Já na Arábia Saudita e nos Emirados, o Cepea destacou as oportunidades de investimentos em infraestrutura, em particular a Ferrogrão e a Ferrovia de Integração Oeste-Leste.

Para Damasceno, para superar os entraves e chegar à ampliação do comércio com os árabes, deve-se trabalhar com metas de médio e longo prazo. O pesquisador lembra que estudos do Ministério da Agricultura, apontaram que para 5 a 10 anos a tendência é manter um crescimento de 2% a 3 % nas exportações e produção de carne no Brasil.

Fonte: ANBA

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