Governador fez anúncio em coletiva de imprensa durante abertura do escritório internacional do estado de São Paulo em Dubai nesta segunda-feira (10). Valor é esperado em investimentos em programa de concessão e privatização nos próximos três anos.
O governador de São Paulo, João Doria, disse que com a abertura do novo escritório internacional do estado em Dubai espera atrair R$ 30 bilhões (cerca de US$ 7 bilhões) em investimentos para os programas de concessão e privatização nos próximos três anos. O evento de inauguração ocorreu na tarde desta segunda-feira (10) na região do Dubai Maritime City, no Porto Rashid, onde o escritório ficará localizado e mantido pela Dubai Ports, a DP World. Este é o segundo escritório internacional de São Paulo. O primeiro foi inaugurado ano passado em Xangai, na China.
Os principais investimentos esperados por fundos como Abu Dhabi Investment Authority (Adia) e Mubadala são no setor de infraestrutura, como privatizações e concessões de portos, rodovias, ferrovias, aeroportos regionais, licitações de novas linhas do metrô e trens urbanos, além da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), segundo Doria, a “joia da coroa”.
O governador afirmou que os árabes têm priorizado o Brasil na América Latina em seus investimentos, e que só o estado de São Paulo conta com 21 projetos em vigor para concessões e desestatizações. Esta é a segunda missão de Doria no ano. Ele esteve em Davos, na Suíça, em janeiro, para participar do Fórum Econômico Mundial, e afirmou que terá mais dez viagens até o fim deste ano. Entre os países árabes, estão previstas viagens ao Líbano em julho e ao Catar em setembro.
“Esta missão marca a abertura do escritório internacional, uma iniciativa inédita. Nenhuma outra cidade ou estado da América Latina abriu escritório aqui em Dubai. Esta missão também tem a responsabilidade de realizar contatos com empresas, bancos, instituições privadas e públicas para estimular os negócios, o aumento das exportações para os Emirados, Arábia Saudita e Norte da África. Contamos com o apoio do governo dos Emirados, o consulado dos Emirados em São Paulo, a Embaixada do Brasil em Abu Dhabi e da DP World”, disse Doria.
Estavam presentes no evento o CEO da DP World, Ahmed bin Sulayem, o embaixador do Brasil em Abu Dhabi, Fernando Igreja, o cônsul geral dos Emirados Árabes em São Paulo, Ibrahim Alalawi, o CEO da empresa de proteína animal BRF, Lorival Luz, o presidente da Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade (InvesteSP), Wilson Mello, a chefe do escritório do estado de São Paulo em Dubai, Silvia Pierson, além de secretários do estado e da comitiva de 47 empresários da missão.Na foto acima, Sulayem, Igreja e Doria.
O Adia já é investidor da Sabesp, e a Mubadala investiu na Rota das Bandeiras, rodovia concessionada, e nos aeroportos de Viracopos e Guarulhos.
Com a abertura do escritório em Dubai, Doria disse que a nova sede ajudará a estimular os negócios com os países da região. “Os bons negócios se fazem presencialmente, olho no olho. A iniciativa e as decisões são tomadas presencialmente, e isso aumenta a confiança e a relação entre o Brasil e os Emirados. É uma demonstração de apoio, de confiança, e vai ajudar muito o Brasil e São Paulo nos programas de captação de investimentos nas desestatizações”, disse o governador.
O secretário da Fazenda e Planejamento do estado de São Paulo, Henrique Meirelles, presente na inauguração, afirmou existir um processo bastante forte para favorecer os investimentos privados no estado. Segundo ele, São Paulo cresceu 2,6% em 2019 e a expectativa é chegar a 3,5% em 2020, com o processo de concessões em infraestrutura para o setor privado. Meirelles afirmou que hoje esses fundos investem aproximadamente R$ 5 bilhões no Brasil. “Temos 21 projetos de grande, médio e pequeno porte, todos sendo oferecidos para concessões da iniciativa privada”, disse o secretário.
Doria declarou que com as concessões e desestatizações, haverá mais dinheiro em caixa a ser destinado para a área social, com investimentos em saúde, educação, moradia popular e segurança pública.
Porto de Santos
O governador afirmou que o Porto de Santos deve ser privatizado no ano que vem, e que está trabalhando junto ao governo federal, especificamente com os ministros da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, e da Economia, Paulo Guedes, para que isso aconteça. “Temos uma relação muito boa com o governo federal, com os ministros Tarcísio e Paulo Guedes, são relações construtivas e técnicas, não temos problemas, e espero que possamos prosseguir”, afirmou. Ao ser questionado sobre garantias de que essa privatização seja colocada em pauta, Doria disse ter a palavra do ministro Tarcísio de que isso ocorrerá até o início de 2021. “A privatização do Porto de Santos é estrategicamente fundamental para o estado de São Paulo, o maior importador e exportador do País”, afirmou.
O CEO da DP World, Sulayem, afirmou ter interesse não só no Porto de Santos, onde a companhia de Dubai já tem a concessão de um terminal, mas em portos de todo o Brasil.
Fórmula 1
Doria reafirmou a intenção de privatizar o Autódromo de Interlagos, um projeto seu do tempo em que foi prefeito de São Paulo, e de manter a Fórmula 1 na capital paulista. A renovação do contrato por mais dez anos com a empresa responsável pelo evento, a Liberty, deve ser feita até o final deste semestre, de acordo com o governador. “Ao lado de Bruno Covas, queremos anunciar a renovação até o final do primeiro semestre, entre maio e junho, e a Liberty também deseja essa renovação com antecedência, antes do último GP”, completou.
Emirates
Um representante da Emirates, companhia aérea dos Emirados Árabes, esteve na inauguração do escritório. Doria disse desejar que a frequência de voos para São Paulo aumente pelos próximos anos, visto que a capital paulista é um grande mercado emissor de turismo para Dubai.
Empresários
Entre os 47 empresários da missão estava Ricardo Gracia, diretor de desenvolvimento e inovação da Kidy, empresa de calçados infantis com sede em Birigui, interior do estado. Ele disse à ANBA que está participando da missão porque tem a intenção de abrir lojas próprias nos Emirados, em vez de exportar para o varejo multimarcas, como vem fazendo, para assim ter uma margem de lucro maior.
Já Maurício Moraes, gerente de comércio exterior da Broto Legal, empresa de arroz, feijão e outros grãos, disse à ANBA que está em Dubai com a missão do governo para conhecer o mercado árabe. “Ainda não exportamos para os Emirados e nenhum outro país do mundo árabe e sabemos do potencial, temos grande interesse em abrir esse mercado”, declarou.
Açúcar
Na manhã desta segunda-feira, Doria foi um dos palestrantes na Conferência de Açúcar de Dubai (Dubai Sugar Conference), o maior evento do setor no mundo, e ressaltou a importância de expandir o mercado internacional do etanol como uma forma de trazer benefícios ao meio ambiente e equilibrar preços no setor sucroalcooleiro. Atualmente, 55% do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio paulista vem do segmento.
Fonte: ANBA