Para aumentar as vendas no mundo árabe, as indústrias de confeitaria Docile e Peccin, do Rio Grande do Sul, vêm apostando num diferencial para aquela região: a certificação halal, que atesta que um produto foi feito de acordo com as tradições islâmicas. Com produtos certificados, as empresas já veem as vendas crescerem e trabalham para entrar em novos mercados no Oriente Médio e Norte da África.
Na Docile, que conta com mais de 200 itens em sua linha, cerca de metade tem o certificado halal desde 2013. As guloseimas certificadas são das linhas de balas de goma, balas de gelatina e marshmallows. “Agora, estamos em um processo para certificarmos as outras linhas, de pastilhas, chicletes recheados e refrescos em pó. Esperamos que ano que vem tenhamos 100% das linhas certificadas”, afirma Cristian Ahlert, coordenador de Exportação.
Ahlert conta que, para obter o certificado, foram feitas modificações como a utilização de gelatina bovina, em vez da suína, e a não utilização de álcool na formulação dos doces. Segundo o executivo, a participação em feiras em Dubai mostrou a importância de se investir na certificação dos doces.
“Nós participamos da Gulfood (feira de alimentos que acontece em Dubai) há vários anos e notamos essa oportunidade maior para os produtos halal”, explica Ahlert. Atualmente, a Docile exporta para os Emirados Árabes Unidos, Omã, Jordânia, Kuwait, Palestina, Arábia Saudita, Argélia, Marrocos e Egito. Do total da produção da indústria, 15% vai para o mercado externo. Entre o que é exportado, 20% vai para os países árabes.
“Temos planos para que cresça a exportação. Acredito que as vendas para os árabes devem chegar a 25%”, diz o coordenador. Além da expectativa de mais embarques para os mercados onde atua, a empresa, com sede na cidade de Lajeado, está de olho em outros países árabes, como Catar e Bahrein.
Na Peccin, todas as linhas de produtos têm certificação halal. Isso inclui cinco linhas de produtos de chocolates, 14 de pirulitos, nove de balas e uma de chicletes. De acordo com Alessandra Schiffl, trader da empresa, a Peccin buscou a certificação halal “devido à alta demanda dos clientes em feiras como a Gulfood e Sweets and Snacks”. A última também é realizada em Dubai. “Queremos focar mais nesse mercado do Oriente Médio, que está crescendo bastante”, afirma a executiva.
Entre as modificações feitas em sua produção está a não utilização de gelatina suína e a retirada de uso de um corante específico, que era considerado de uso proibido em produtos halal. “Conseguimos entrar no Kuwait, Palestina, Iêmen, Egito, Argélia e Emirados”, diz Schiffl sobre os novos mercados abertos após a obtenção do certificado. Em países como Iêmen e Palestina, explica, a Peccin já estava presente, mas o halal trouxe novos clientes para a empresa naquelas nações.
A fábrica da Peccin, localizada no município de Erechim, recebeu a certificação halal em novembro de 2014. Este ano, com a participação da empresa na Gulfood, em fevereiro, a empresa já sentiu os resultados no relacionamento com os importadores.
“Vimos na Gulfood que há muita diferença em dizer para o cliente que somos halal. Sentimos que eles se interessam mais, que sentiam uma confiança maior”, conta Schiffl. “Somos uma empresa que está sempre buscando inovar e se adaptar às tendências de mercado”, destaca a executiva.
Antes de obter o certificado, a Peccin mantinha clientes na Palestina, Iêmen, Arábia Saudita, Líbia e Iraque. Hoje, 20% do faturamento das exportações vêm das vendas ao mundo árabe. Antes da obtenção do halal, conta Schiffl, essa receita era de 10%. “O halal foi um diferencial para nós”, ressalta a trader, afirmando que a empresa espera crescer ainda mais nos países árabes. “Estamos em negociação com a Jordânia, Líbano e Omã, e também queremos entrar no Catar e no Bahrein”, revela.
Fonte: ANBA