Após obter certificado Halal, startup de cosméticos da Amazônia quer exportar para os Emirados
A startup de cosméticos, fitoterápicos e alimentos funcionais naturais Biozer da Amazônia acaba de tirar o certificado halal para começar a exportar seus produtos para o mundo árabe. O certificado garante que os produtos são próprios para o consumo de muçulmanos.
A Biozer foi fundada há 13 anos por Carlos Cleomir de Souza Pinheiro, biólogo com doutorado em Biotecnologia e Recursos Naturais. A princípio, ele fazia pesquisa e desenvolvimento de bioativos amazônicos junto ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Há três anos, a companhia entrou para uma incubadora de startups e começou a produzir produtos naturais e veganos, e agora, halal, com a marcaSimbioze Amazônica. “Sabemos que para chegar em Dubai tem que ter um ótimo produto, por isso fizemos a certificação halal, queremos que as pessoas utilizem os produtos da mesma forma que os caboclos e índios usam da floresta”, declarou o diretor operacional da empresa, Domingos Amaral Neto.
Entre os produtos, estão o óleo lídimo amazônico de copaíba, andiroba, castanha do brasil, patauá e pracaxi. Fabricam também óleos essenciais de breu branco, copaíba e priprioca, máscaras de argila faciais e corporais, de argila branca com cupuaçu e de açaí com guaraná.
“O óleo lídimo de castanha é um ótimo hidratante facial, o de andiroba, é bom para hidratar o corpo e fazer massagens para aliviar a dor, e o de patauá é ótimo para o couro cabeludo e o crescimento das sobrancelhas”, disse Amaral. Segundo o diretor, “se não pode botar na boca, não pode botar na pele”.
Amaral afirmou que não havia nenhuma empresa no estado do Amazonas que fabricava cosméticos 100% naturais. “Usamos os ativos da Amazônia com o melhor da tecnologia mundial, o Brasil ainda não produz conservantes naturais, então nós importamos da Itália e da Alemanha”, contou.
Os produtos da Biozer são vendidos para clínicas estéticas, farmácias de manipulação e spas que trabalham com aromaterapia, além da loja online que atende todo o Brasil. Para atender o mercado árabe, Amaral deve manter a mesma estratégia. “Sabemos que em Dubai o mercado de farmácias de manipulação é forte, então continuaremos com o mesmo formato de vendas que temos no Brasil”, disse.
Amaral disse que a Biozer está capacitada para exportar desde 2017, mas que quis trabalhar o mercado interno nos primeiros dois anos. A empresa está em trâmites para tirar uma certificação para exportar para a Europa, e deve fechar a primeira venda externa para um brasileiro que vive nos Estados Unidos nos próximos meses. Com sede em Manaus, a empresa tem um centro de distribuição em São Paulo.
A premissa da companhia é levar saúde e beleza de uma forma sustentável. “O que estiver fora disso está fora de nosso escopo, temos todo o respeito pela natureza e pela floresta e criamos uma rede sustentável junto às comunidades e temos responsabilidade social, não temos a intenção de crescer muito, o crescimento será orgânico”, analisou Amaral.
Na cidade de Carauari se produz óleo de andiroba, e em Lábrea, se produz andiroba, copaíba e murumuru. Essas são duas comunidades amazônicas que fornecem para a empresa. “Nós trabalhamos diretamente com as cooperativas, sem atravessador, damos ofeedbacksobre o que precisa ser melhorado em termos de operação e qualidade dos produtos, e isso garante a possibilidade de crescimento, essa é nossa preocupação junto ao desenvolvimento das comunidades”, disse.
A startup é uma microempresa e atualmente trabalha com duas plantas piloto, com capacidade para produzir 88 mil unidades de produtos por mês. “Mas não estamos na capacidade total, hoje estamos produzindo 25% a 30% da capacidade”, revelou Amaral. Existe o projeto de montar uma planta maior de acordo com a demanda na Zona Franca de Manaus.
A Biozer está se associando à Câmara de Comércio Árabe Brasileirapara facilitar o processo de exportação para o mundo árabe.
Fonte: Comex